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  Um resumo da nossa história

 

 

                       

 

 

                         

 

 

                          Eu Milton Tamura estarei narrando esta linda história

                    A maior parte dos imigrantes chegou no decênio 1920-1930.                   

                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                              O meu avô Issamo Tamura nascido no Japão em 1904 chegou ao Brasil em 1930 com a

                                   sua esposa Itoe Tamura e 1 filho Iname Tamura, e sem saber para onde ir, foram

                                diretamente ao interior de São Paulo para cidade de Marília, onde em 1935 nasceu o

                                                                       Sr. Manoel T. Tamura, o fundador da TAV.

                                                  

       

         Assim foram nascendo outros irmão e irmãs, e desde pequenos já eram encaminhados a ajudarem os pais na

colheita de café, milho e algodão, faça sol ou chuva, todos precisavam trabalhar duro.

                      

        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         Para o preparo do terreno utilizavam burros para puxar o arado e a esteira, tudo com serviço braçal e pesado.

         Com o passar dos anos a situação havia melhorado e o Estado lhe cedeu alguns alqueires de terra para começar a própria plantação de café, e dessa forma podendo contratar 80 pessoas para ajudar na colheita.

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

         Como o Sr. Manoel Tamura era o mais ativo e dedicado, aos seus 9 anos de idade ganhou de seu pai um cavalinho Manga Larga que recebeu o nome Garanhão, o tempo passou e o cavalo cresceu, e ele passou a trabalhar na distribuição de café com o cavalo, assim podendo ajudar o seu pai.

 

         O Sr. Manoel Tamura tinha uma paixão e um carinho muito grande pelo seu animal, e gostava de passear na cidade em seu cavalo para exibi-lo, pois chamava a atenção de todos por onde passava.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         Aos seus 17 anos de idade, seu pai reformou 19 enxadas, e lhe deixou um aviso (assim que se desgastasse a última enxada que ele deveria ir para São Paulo) e sem entender nada ele concordou.

 

         O tempo foi passando, e aos seus 18 para 19 anos seu pai adoeceu e logo veio a falecer deixando um cargo pesado para a família, mesmo havendo irmãos a vida foi ficando difícil, pois também tinha irmãos pequenos que ainda precisava de cuidados.

 

          Seu irmão mais velho ficava se divertindo em bares e com amigos, não se preocupava com a situação da empresa, e vendo essas cenas, pediu para seu irmão mais velho que tomasse a posição de seu pai, pois sabia que havia empréstimos de bancos e funcionários para pagar, infelizmente esse irmão não havia acompanhado o desenvolvimento do pai, estava totalmente perdido.

 

          E desde então muitas coisas foram ocorrendo, brigas, dúvidas e discussões desnecessárias.

 

          E o Sr. Manoel Tamura por ver esta situação decidiu tomar a liderança, e com seus 19 anos começou a trabalhar, e comandar trabalhadores e pagar os financiamentos que seu pai havia deixado.

 

          Seu pai tinha anotado tudo em uma caderneta, o pior, estava escrito tudo em japonês, o que fazer, correu a perguntar por toda a cidade para saber se alguém podia traduzir essas palavras, e que era urgente, pois ali estava tudo que precisaria saber (financiamento, pagamentos de funcionários, armazéns, etc...). Por fim uma idosa o traduzio.

 

          Ao mesmo tempo ele via a sua mãe em desespero a chorar, e ele dizia (mãe eu vou cuidar de você e dos irmãos, deixa comigo mãe, eu vou conseguir).

 

          Os anos foram passando e as coisas cada dia mais difíceis, o desespero foi tomando conta de si, mas não desistiu.

O dia raiava e lá estava o Sr. Manoel Tamura na ponta de uma enxada junto aos funcionários, olhava para traz e via a sua mãe cabisbaixo, o coração se partia, mas tinha que continuar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

          A noite chegava, voltava pra casa com sorrisos para não demonstrar o quão difícil estava sendo pra si mesmo, e em silêncio ao se deitar suas lagrimas corriam pelo seu rosto, a vontade de largar tudo e gritar era grande, mas tinha que cumprir uma promessa que fizera a seu pai.

 

          E mês a mês com muito sofrimento foi quitando o empréstimo até que começou a sobrar uma quantia que acabou investindo em equipamentos para montar uma torrefação de café, a (Monte Fuji), a torrefação começou a todo vapor, muitas vendas e mais clientes satisfeito com os produtos Monte Fuji.

 

                                                                 A partir de agora o chamaremos de Sr. Tamura

 

           Com as vendas se estendendo em outras cidades do interior de São Paulo, acabou conhecendo a Srª Julia na cidade de Oriente no interior de São Paulo onde ela nasceu em 1942, acabando assim se casando em 1962 e tendo um filho na cidade de Lucélia em 1963 que se chama Milton T.Tamura, e no vai e vem de uma cidade a outra acabou tendo outro filho em 1964 na cidade de Marília que se chama Ricardo Y. Tamura.

 

            O Sr. Tamura por ter sofrido em sua caminhada, aprendeu a ser simpático e muito comunicativo, então resolveu sair para as vendas e abrir mais clientes, sucesso de venda, todos gostavam do produto e do seu jeito simples e humilde de ser.

 

            A vida continua e assim todos foram crescendo, até que veio as intrigas e um a um foi tomando seu rumo, mas o Sr. Tamura ficou, e sem a força dos irmãos não conseguia tomar conta de tudo sozinho, a empresa foi se deteriorando ,foi então onde percebeu que a sua ultima enxada estava terminando e decidiu, (é hora de partir para São Paulo), pegou somente alguns pertences, esposa e filho e partiu sem rumo para a grande capital Paulista.

 

 

                                                               

 

                                                                    São Paulo Terra da Garoa

 

                                 Para quem tinha tudo e recomeçar tudo do zero é preciso atitude e determinação

               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            O Sr. Tamura chegava a São Paulo no ano de 1964 no Largo da Consolação com uma mão na frente e outra atrás, sem lugar onde ficar ou morar, foi andando pela Consolação a procura de uma casinha para morar, e justamente quase que em frente à Igreja da Consolação havia um cômodo alugando , mas não sabia como iria pagar, mas ele disse (não importa, pula pra dentro que o resto eu me viro, dou um jeito).

 

            No mesmo dia à tarde, mesmo cansado, ele saiu andando a procura de um emprego, e todos os dias andava e andava de porta em porta, chegava tarde da noite em casa e a D. Julia Tamura perguntava, (conseguiu) e ele (não).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            A D. Julia muito otimista nunca o deixou desistir e dizia (não se preocupe amanhã é um novo dia e você vai conseguir), mas o Sr. Tamura via a situação que se encontrava, já não tinha muito, e seu dinheiro estava acabando, e não podia gastar nem com um lanche na rua, tinha que economizar cada centavo para comprar o leite do dia seguinte para os pequenos.

 

            No cômodo onde se encontrava, ainda não tinha fogão, mesa, cadeira e nem geladeira, mas tinha uma feira próxima onde a D. Julia havia recolhido algumas caixas de laranja, e que as utilizou como cadeiras, e berço.

 

            Mas também tinha uma vizinha que a ajudava esquentando o leite e trazendo um prato de comida para esposa, na qual ela dava 2 a 3 garfadas e guardava o restante para o marido, ela sabia que ele precisaria mais que ela, pois precisa de energia para continuar a sua luta, e ele por sua vez perguntava se já havia comido, e ela dizia que sim, então pedia para que agradecesse a essa senhora pela ajuda.

 

            Todas as noites que chegava da rua, ele olhava para os filhos que dormiam, ele chorava pensando (será que eles comeram ou foram dormir com fome?).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

             Após algumas tentativas, o Sr. Tamura parou em frente a uma loja que reforma sofá e ficou observando como aquele homem fazia para pregar os tecidos tão rápido, e por 2 dias ficou observando até que lhe pediu uma chance.

 

             O dono disse que não precisava de ajudante, que dava conta sozinho, e mesmo assim foi persistente dizendo, por favor, deixe-me ajuda-lo, não quero um salário, qualquer coisa que me der vai servir para sustentar a minha família, e assim conseguiu o seu primeiro serviço, deu para pagar a metade do aluguel, e alguns meses depois, o aluguel estava em dia.

 

            Após alguns meses saiu da reforma de sofá e foi trabalhar em uma loja de lapidação de cristais, passou a ganhar um pouco mais, e começou a comprar alguns móveis usados para o conforto do  lar.

 

            O Sr. Tamura caminhava todos os dias para o serviço, a baixo de chuva ou sol, assim como foi criado.

                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Vontade de andar em um bonde elétrico!!! Quem não queria?  Achava o máximo, mas cada passagem custava 1 litro de leite do filho, e o restante do ganho estava guardando para um destino certeiro, montar uma mecânica de autos, o ponto já estava definido, Av. Celso Garcia em frete a Indústria Matarazzo.

 

            E no final de 1965 alugou um salão pequeno pagando 1 aluguel adiantado, previsto que só pagaria um mês depois da locação, ou seja, ficou com pouco dinheiro para comprar algumas ferramentas, como fazer para não ficar devendo todas as ferramentas necessárias?...  só havia um jeito, pedir fiado uma chave por vez, e a vergonha !!!... Mas teve que encarar, pois em janeiro de 1966 pouco antes de abrir a oficina nasceu sua filha Eunice S. Tamura, agora mais que nunca a sua necessidade de abrir a oficina era muito grande e precisava trabalhar.

 

            Assim O Sr. Tamura o fez, foi na loja de Ferramentas Tomaz, que também ficava na Av. Celso Garcia e falou com o proprietário que precisaria de uma chave por vez, e que a cada serviço que executasse, pagaria uma e levaria outra, até completar o necessário, foram muitas risadas de deboche dos funcionários, isso doeu muito ao Sr. Tamura, abaixou a cabeça e estava de retirando da loja quando o Sr. Tomaz disse (espere, vejo sinceridade em seu olhar) cedam às ferramentas que ele precisar, e o Sr. Tamura disse, só quero uma por vez, é o que eu consigo pagar.

 

            E assim uma a uma foi pegando e pagando cada ferramenta até completar tudo que precisava.

 

            E todos os dias e por muito tempo acordava as 4:00 h e caminhava do Largo da Consolação até a Av. Celso Garcia e como sempre, faça chuva, frio ou sol lá estava indo o Sr. Tamura em sua dura e árdua luta ao futuro.

 

            E desse dia em diante muitas coisas aconteceram, bons e ruins, a história é longa e de muito sofrimento.

 

            Depois de alguns anos em 1968 com muitas amizades, conhecemos em especial o Toninho da Auto Escola Vila Formosa a quem devo uma parte do nosso sucesso, e fomos convidados por ele a montar a nossa loja no bairro de Vila Formosa, no qual é lógico aceitamos e viemos para a Av. João XXIII ao lado do seminário.

 

             Lá os negócios começaram a melhorar, em 1969 fechava um ótimo negócio com uma frota de táxi, e a situação financeira começava a ficar boa, pôde comprar uma Kombi 1964 e no fim do ano fizemos uma viagem de volta para o interior para visitar os parentes e a mãe que ainda continuava morando em Marília.

 

             Mas na volta a São Paulo o Destino mudou a sua vida, vindo pela rodovia Castelo Branco, cruzando a cidade de Avaré paramos em um posto de gasolina para abastecer e comer alguma coisa, após descansarmos prosseguimos, não chegou andar 2 km, de repente em fração de segundos a roda dianteira do lado direito quebra a manga de eixo, travando a roda fazendo-o puxar para a direita para um abismo de 60 mts de profundidade, no primeiro impacto ao solo o Sr. Tamura foi arremessado para fora do carro sendo lançado à frente, onde a Kombi no segundo impacto caiu sobre o Tamura fraturando a omoplata, por sorte a terra estava bem fofa, afundou o Sr. Tamura na terra modelando o seu corpo todo no terreno.

 

              E a D. Julia com o impacto teve um corte profundo da parte superior da cabeça, e o filho mais velho Milton Tamura também teve cortes profundos ficando preso entre as ferragens, quase perde a vista esquerda, dentro da Kombi havia mais seis passageiros, entre filhos, sobrinha e um irmão da D. Julia, o restantes dos passageiros sofreram somente ferimentos leves, ficamos hospitalizado em Avaré, onde o responsável do hospital ainda nos queria extorquir.                     Caso resolvido, fomos liberados.

 

               Agora como ir embora sem dinheiro e praticamente todos enfaixados, mas por sorte conseguimos uma carona em um ônibus que vinha para São Paulo.

 

               Pra mim é muito difícil contar essa história sem me emocionar, pois foi muito sacrificada essa passagem da minha vida.

 

              Chegando a casa, trocamos a nossas roupas toda ensanguentada, e o Sr. Tamura ainda muito fraco no dia seguinte tentou reabrir a loja, mas o seu braço não obedecia direito, ficou por um tempo sem poder trabalhar, não aguentava de dor, então foi procurar um senhor japonês ortopedista que morava ali próximo, seu ombro havia se deslocado no acidente e os enfermeiros o tinha engessado sem se dar conta disso, e esse senhor japonês o recolocou no lugar.

                Nesse intervalo perdia seus clientes, o aluguel vencido, contas atrasadas, tudo voltou à estaca zero, tentou entrar em contato com a frota, mas ele já estava com outro mecânico e que não tiraria de lá.

 

                Ficamos mais algum tempo no mesmo lugar, mas as lembranças não o deixavam em paz, então resolveu mudar a loja para outro lugar, mas que fosse próximo de onde estávamos, e ali recomeçamos tudo novamente e mais sofrimentos se seguiram.

 

                                                                               Ano 1977 recomeçam as vitórias.

 

                                    Agora com todos os filhos trabalhando juntos conseguimos nos erguer novamente.

            Desta vez o Sr. Tamura comprou uma casinha velha e a reformou, filhos cresceram, se casaram, deu carro para cada filho ao completarem 18 anos, e passou essa casa para um dos filhos, em seguida comprou mais uma casa onde mora até hoje, conseguiu muito outros bens, desfrutava do bom e do melhor.

 

             Ainda tem muita história a ser contado do Sr. Tamura e D. Julia, e muitas histórias e pontos de sofrimento que aqui não pude colocar por falta de tempo.

 

                                                                                                                                                  Continue em Nossa História 2   

 

                          

                                                  

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